Antônio Vieira Neto

PARTIDO/Nº: PCB/21
COLIGAÇÃO: CHAPA PURA
CARGO: Não tem cargo público ou no partido
VICE: : Guilherme Martins (PCB)
IDADE: 44 ANOS
ONDE NASCEU: Goiânia - GO
FORMAÇÃO: Geografia
OCUPAÇÃO: Professor da rede municipal de ensino de Goiânia

BIOGRAFIA


Iniciou militância no movimento estudantil secundarista da década de 1990, quando foi diretor de grêmios estudantis como o da ETFG (hoje IFG). No ano 2000, participou da reconstrução do PCB no Estado de Goiás. O candidato também fez parte do Diretório Central dos Estudantes da Universidade Federal de Goiás (UFG) e do Centro Acadêmico de Geografia da instituição. Já trabalhou como professor em escolas estaduais e particulares. Passou em concurso para professor da rede municipal de educação da capital em 2008, onde trabalha atualmente. Foi candidato ao Senado em 2014.

EVOLUÇÃO DO PATRIMÔNIO


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ENTREVISTA

Dizendo que não manteria nada do que foi feito pela atual gestão de Iris Rezende (MDB), o candidato Antônio Neto (PCB) tem sua principal proposta de governo calcada na participação popular, por meio de conselhos populares em áreas centrais como transporte e saúde, e na estatização dos serviços públicos.

Terceiro candidato a participar da série de sabatinas que o POPULAR está fazendo com os postulantes à Prefeitura da capital, Antônio é professor de Geografia da rede municipal de Goiânia e o primeiro do PCB a disputar o Executivo municipal desde a redemocratização, apesar de o partido existir na cidade desde a década de 1980, segundo dados de filiação da Justiça Eleitoral.

Transporte

Uma das principais propostas de Antônio diz respeito à estatização do serviço de transporte público em Goiânia, que seria gerido por um conselho popular. Segundo o candidato, esse conselho faria a gestão do sistema em conjunto com a Companhia Metropolitana de Transportes Coletivos (CMTC). “Ficaria sob o controle da Prefeitura e, mais ainda, sob controle dos trabalhadores, de quem usa o transporte público: a dona de casa, o estudante, o operário, o pedreiro, a diarista, retirando, assim, o seu caráter de mercadoria, de lucro, e colocando-o como um caráter de serviço social essencial à população”, explica.

Antônio afirma ainda ser contrário à privatização da Metrobus - empresa do Estado de Goiás e não da prefeitura de Goiânia - e que, caso eleito prefeito, deve enfrentar “medidas liberais ou ultraliberais que têm sido implementadas no Brasil desde o governo de Fernando Henrique Cardoso, passando inclusive pelos governos petistas ditos de esquerda, de conciliação de classes, e agora pelo governo ultraliberal de (Jair) Bolsonaro.”

De acordo com ele, o que propõe para a Prefeitura só pode ser efetivado diante do questionamento de “toda a lógica de funcionamento do Estado nos últimos anos.” “Nós queremos incentivar a organização dos trabalhadores, criar canais de democracia direta e conselhos populares do Transporte, da Saúde, da Educação e, junto com a população, cobrar medidas de interesse dos trabalhadores e da população mais necessitada.”

O comunista diz saber que sua fala toca em questões federais e que, portanto, estão fora do alcance direto de um prefeito, mas ressalta: “Goiânia não está isolada do restante do País. E muitas dessas propostas precisam questionar outras medidas, como a dívida pública e o congelamento de gastos sociais. Aí teríamos dinheiro suficiente para investir em educação, melhorar salário de servidores, contratar mais servidores, ampliar escolas, assim como melhorar sua estrutura”.

QUESTÃO FISCAL

Além da estatização do transporte, Antônio propõe também fazer mais concursos públicos e a construção do apoio da população para uma socialização do poder. “Além da divisão da renda e riqueza, também queremos a divisão do poder. Que as pessoas participem da cidade. Eles vão decidir onde terá linha de ônibus e não à serviço do capital.”

Questionado a respeito de como executaria propostas de estatização e realização de mais concursos, visto que isso demandaria recursos, ele afirma que “dinheiro, o governo tem.” “Em todos os níveis. A questão é a prioridade. A prioridade (atual) não é o transporte ou a educação. Tornaríamos essas questões sociais como prioritárias e, mais uma vez, teríamos que fazer uma grande luta popular para questionar e derrubar esse congelamento de gastos nas áreas sociais, como também a Lei de Responsabilidade Fiscal, que tem servido, na verdade, para retirar direitos e conquistas de vários anos de luta dos trabalhadores.”

Antônio ressalta não ser contrário ao controle de gastos públicos - atualmente realizado pela Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), entre outras medidas - mas que defende um controle popular das contas públicas. “Esse controle seria feito popularmente e não de cima para baixo, como é feito hoje. Queremos uma prefeitura participativa de verdade, com conselhos populares decidindo o que será investido e onde.”

Resistência

Base da proposta do PCB para a Prefeitura, o apoio popular, contudo, pode encontrar resistência, quando são analisados os índices de votação dos eleitores da capital em projetos conversadores como os do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que faz ataques recorrentes à esquerda e ao comunismo. Em 2018, Bolsonaro recebeu 63,45% dos votos goianienses no 1º turno e 74,20% no 2º. De acordo com a primeira rodada da pesquisa Serpes/O POPULAR, realizada entre 22 e 24 de setembro deste ano, 42,6% dos goianienses aprovam a sua administração.

A respeito disso, Antônio relata acreditar que existe espaço para crescimento de uma candidatura como a sua. “O ideário comunista surgiu justamente da exploração dos trabalhadores no século 19 e, mesmo com esse crescimento da extrema direita no imaginário popular, nós achamos que há espaço para uma reversão da consciência de classe. Pelo menos para dar os primeiros passos.”

Para isso, ele explica que é preciso “um trabalho de base, no sentido de organizar os trabalhadores, elevar a consciência de classe, e dizer que só a luta popular pode mudar a vida.” “Temos que nos organizar nos bairros, nas escolas, no trabalho, independente da categoria e de ser trabalhador do serviço público ou do privado. Não temos que esperar mais dos representantes porque, na prática, eles representam os interesses do grande capital.”

Ele ressalta também que os resultados das pesquisas “flutuam” a depender do cenário. “Antes do auxílio emergencial, chegou a ser baixíssimo o nível de popularidade do governo federal”, diz.

Educação

Antônio é professor da rede municipal na capital e, para área, defende “uma educação pública, gratuita, de qualidade e de controle popular”, e baseada na aproximação das escolas com as comunidades. “Seriam escolas de educação popular, ligadas aos interesses da população e que trabalhassem conteúdos que tenham ligação com seu bairro e sua comunidade. Uma educação emancipadora, que discuta os conteúdos, mas também os temas de interesse dos trabalhadores e da população”, explica.

O candidato ainda critica as ações da Prefeitura diante da pandemia de Covid-19, sobretudo, a suspensão dos contratos de 3,1 mil servidores temporários, em abril. O Paço permitiu, porém, em junho, a recontratação desses servidores, desde que aceitassem redução de salários. “Vimos a demissão de mais de 3 mil trabalhadores da educação, tanto administrativos quanto professores. Os efetivos sofreram com cortes. Essa foi a contribuição diante de uma situação de crise agravada pela pandemia.”

Questionado o que deve fazer na área da educação, caso eleito, ele critica a política de ensino remoto adotada pela Prefeitura. “Somos contrários à plataforma Conexão Escola. Ao invés de gastar dinheiro contratando essa plataforma e o Avah (Ambiente Virtual de Aprendizagem Híbrido), poderiam ter comprado tablets para as famílias que não têm acesso. Que se criasse um programa de internet popular para as famílias mais necessitadas, como se tem o Bolsa Família. Do jeito que está hoje, foram medidas atabalhoadas.”

saúde

Principal demanda da população para esta campanha, segundo aferido pela pesquisa Serpes/O POPULAR, a saúde é uma das áreas que teria um conselho popular, de acordo com a proposta de Antônio. “Temos que tirar essa lógica de mercantilização da saúde e colocar o serviço sob supervisão dos trabalhadores, que são quem usam o sistema. Uma gestão popular”, afirma.

Segundo ele, a Prefeitura precisaria construir mais unidades de saúde, como os Cais, além de reformar aquelas que já existem atualmente. “Defendemos também a contratação de mais profissionais. Nessa situação de pandemia, o SUS (Sistema Único de Saúde) foi quem salvou a população. Que ele seja melhorado e que se pare todo e qualquer congelamento de verbas dessas áreas sociais.”

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