O POPULAR publica a partir de hoje uma série de sabatinas com os candidatos à Prefeitura de Goiânia. A deputada Adriana Accorsi (PT), que foi a primeira a participar, defende uma relação republicana com os governos estadual e federal aos quais seu partido faz oposição, e diz contar com parcerias, caso seja eleita.
A petista também diz tratar o transporte público como prioridade, fala em aumentar a captação de recursos para a saúde e defende que a Prefeitura dê incentivos fiscais para atrair empresas e a retomada dos empregos no pós-pandemia.
Saúde
Área que deve ter a maior atenção do próximo gestor, segundo 56,2% dos eleitores ouvidos pela pesquisa Serpes/O POPULAR, a saúde é vista por Adriana como um “tema que preocupa e que é um desafio para a gestão.” “Goiânia tem uma estrutura razoável na área da saúde. Precisamos realmente investir na valorização dos trabalhadores, na qualidade da estrutura que eles têm para trabalhar, inclusive os EPIs que foram tão importantes nessa pandemia, mas também investir na saúde básica, no programa Saúde da Família”, diz.
Para ela, um dos desafios da saúde em Goiânia é a pediatria. “Temos falta de pediatras e precisamos investir nessa questão. Queremos ter unidades pediátricas em todas as regiões de Goiânia. Então, queremos buscar recursos federais. Infelizmente, temos um momento no País de restrição a recursos federais a municípios para investimentos em saúde.”
Questionada se a relação de seu partido, o PT, pode atrapalhar a atração de investimentos estaduais e federais, devido ao fato de a sigla enfrentar fortes críticas tanto do governador Ronaldo Caiado (DEM) quanto do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), ela diz que não. “Tenho certeza de que esse desafio será superado com toda a boa vontade da minha parte e, acredito, das demais esferas. Quando assumimos uma gestão, não estamos representando só um partido e temos que ter parcerias com as demais esferas de governo para beneficiar a população.”
A petista relata ter “certeza de um relacionamento respeitoso com o governador e com o presidente da República.” “São políticas de Estado que devem ser efetivadas, independentemente de partido. Hoje sou deputada e tenho um relacionamento extremamente respeitoso, civilizado e propositivo (com o governador). A maioria dos meus projetos é sancionada, assim como voto favorável nos projetos que entendo beneficiarem a população.”
Mobilidade
Adriana diz que o transporte público deve ser um dos principais focos de seu governo, caso seja eleita em novembro. “A grande prioridade tem que ser o transporte público, que é um desafio. Temos um dos piores do Brasil e um dos mais caros.” Segundo ela, o sistema “precisa ser repensado para romper a omissão histórica dos governantes e exigir que os contratos sejam cumpridos.” “Só são lembrados para aumentar o preço da passagem.”
Questionada sobre as obras deixadas pela gestão do ex-prefeito Paulo Garcia, que era filiado ao PT e faleceu em julho de 2017, Adriana diz que “muitas obras das gestões não conseguem ser terminadas em uma gestão” e cita o BRT Norte-Sul, obra iniciada em abril de 2015 com previsão de entrega para o ano seguinte, mas que ainda não terminou.Em sua última prestação de contas, o atual prefeito Iris Rezende (MDB) afirmou que a obra, que passou por pelo menos duas grandes paralisações e foi retomada em 2018, não deve ser entregue em sua gestão. Para Adriana, “o BRT precisa ser terminado para contribuir para um transporte público de qualidade, digno na cidade” e garante que terminará sua construção. “Vou terminar todas as obras que a gestão atual está colocando na cidade”, relata.
A respeito das ciclovias, também iniciadas por Paulo Garcia, mas não concluídas, a candidata petista afirma que é preciso investir em “outros modais de transporte, como o ciclismo”, e que pretende “dobrar o que foi feito e fazer ciclovias, e outros modais, em praças, parques, em outras regiões e itambém dos bairros para as regiões centrais, com banheiros públicos com locais estratégicos.”
Incentivo fiscal
Adriana fala também em fazer parcerias com o governo estadual a fim de conceder incentivos fiscais para atrair empresas para a capital e diz querer criar um banco comunitário para oferecer linhas de crédito “com juros baixos ou sem juros”. “Para que as pessoas possam começar ou reativar seus negócios. E queremos também formas de incentivar a vinda de empresas, discutir a possibilidade de um polo industrial na cidade.”
Sobre o fato de Caiado criticar o aumento dos incentivos desde que assumiu o governo, o que criaria dificuldades para a parceria citada, ela fala que “o governador quis modificar uma série de situações relacionadas a incentivos fiscais”, mas que tem discutido com ele “a importância dos incentivos, sobretudo neste momento.” “Acredito que ele terá interesse não só em Goiânia, mas também na região metropolitana.”
A candidata cita também a possibilidade de um polo tecnológico em Goiânia. “O que depende de incentivos fiscais. Então, acredito que o governador será parceiro porque entende que isso é importante.” Além de parcerias com o governo, ela pretende também fazer ações conjuntas com setores da sociedade. “Acredito que temos várias ações que podemos fazer em conjunto, sempre com muito diálogo com a sociedade, com os setores produtivo, comercial e de serviços e os trabalhadores para gerar emprego e renda.”
Segundo Adriana, é necessário também incentivar arranjos locais em outras regiões da cidade, nos moldes como já ocorre na região da Rua 44 e cita como exemplo a região Noroeste. “Temos que disponibilizar a infraestrutura necessária, que é algo que a Prefeitura de Goiânia possui. Precisamos ter políticas públicas.”
Ela aponta que “o gestor precisa ter consciência do momento difícil que vivemos, de desemprego, de empresas que estão fechando, sobretudo micro e pequenas empresas, comércios.” “Então, precisamos reconhecer as dificuldades que a crise econômica agravada pela pandemia trouxe à população.”
Situação fiscal
A situação fiscal deixada pelo ex-prefeito Paulo Garcia (PT) é um dos maiores pontos de crítica da atual gestão. O prefeito Iris Rezende (MDB) tem repetido sempre que pode nas últimas semanas, por exemplo, que encontrou a Prefeitura com mais R$ 1 bilhão de reais em dívidas e um déficit mensal de R$ 31 milhões.
A Capacidade de Pagamento (Capag) de Goiânia, medida pela Secretaria do Tesouro Nacional (STN), era letra C até o início de 2019, quando a atual gestão conseguiu passar para a classificação B, o que permitiu à Prefeitura recuperar o direito de solicitar empréstimos, como o de R$ 780 milhões feito junto à Caixa Econômica Federal e que tem financiado boa parte das obras em andamento.
Questionada sobre como isso pode afetar sua campanha, Adriana argumenta que os ataques da atual gestão à anterior faz parte de uma estratégia política. “É uma forma de estratégia política da qual o atual prefeito, e também o próprio governador, fazem uso ao colocar a culpa na gestão anterior. Todas as gestões do atual prefeito foram assim. Aguarda chegar mais próximo da eleição para fazer todas as obras de uma vez. Então, vamos mostrar competência no trato com o dinheiro público, como as gestões do PT já fizeram em Goiânia, inclusive a do meu pai, Darci Accorsi.”
Iris Rezende
Apesar dessa declaração, a petista evita fazer críticas mais firmes a Iris, como tem sido também com os demais candidatos até o momento. Como mostra a pesquisa Serpes/O POPULAR, o prefeito tem índice de aprovação junto à população de 50,2%, na soma de ‘ótimo’ e ‘bom’.
Segundo ela, “o atual prefeito sem dúvida deixa seu nome na história, fez muito pela cidade, pelo Estado, e precisamos respeitar.” “Mas precisamos avançar. É natural que sejam debatidas as políticas públicas que foram colocadas, mas a população quer ver propostas para avançar. Não basta criticar, principalmente no momento que vivemos.”